Não se trata de nenhum grupo de
animais que tenha fugido do jardim zoológico de Lisboa. Haja calma que não
teremos felinos ou répteis ao dobrar da esquina. Na verdade estamos a falar de
senhores e senhoras que se deslocam em carros pretos topo de gama e que se
encontram connosco em casa sempre que vemos os jornais da tarde e da noite das
nossas televisões. Chamam-lhes governantes (!) e dizem que governam! Enfim, um
insulto para os vendedores honrados das chamadas “lojas do chinês”ou “loja dos
300”.
Na verdade, ando a matutar nisto há
uns dias, desde que em conversa com amigos no jardim do Príncipe Real, em
Lisboa, me foi garantido que a TAP iria ser vendida mesmo e já se falavam
valores e tudo. Sempre que passava sobre a cidade um avião da TAP, eu olhava a
ver se vislumbrava a costumeira placa “VENDE-SE”, mas não descortinei nenhuma.
Ainda fui visitar a Torre do Tombo a ver se no exterior não estaria também uma
dessas placas, mas felizmente não tinha. Na Basílica da Estrela também não. A
única coisa com informação válida que encontrei foi um flyer na mesa de um café onde podia ler-se: WORKSHOP “COMO ROUBAR E
DESTRUIR UM PAÍS” – Moderadores: Pedro Passos Coelho e Ricardo Salgado (mais
informações fidedignas ligar para os Dr. Marques Mendes e Prof. Marcelo Rebelo
de Sousa).
Bem… um caso de estudo a que Freud
chamaria um figo, fiquei eu a pensar, e Moliére faria uma festa com estes dois
“tartufos”, escolhidos a dedo pelo reino dos tanados a que Portugal e os
portugueses estão sujeitos há quatro anos.
Um amigo dizia “Já venderam quase
tudo o que tínhamos de melhor. Outro dizia “Estes gajos foderam tudo”e o
terceiro concluía “o pior de todos ainda é o «cara-de-desmaio», que trata a
gente por “cidadões” e anda com aquela canalha ao colo como se fossem uma ninhada para desmamar». Quem?! –
perguntei. «Quem?, olha-me este! O Cavaco, caralho!» Pois… bem vistas as
coisas… lá fui apanhar um táxi e aproveitem a corrida para dialogar com os
melhores informadores e barómetros de Lisboa, que são os taxistas.
- Amigo, Parque das Nações, por
favor.
- O sr. é do Norte, não?
- Sim, sou, mas porquê nota-se
muito?
- Não, é que eu também sou. Sou de
campanhã, carago.
- E veio para Lisboa?
- Teve que ser… coisas da
juventude, a rapariga ficou prenha e pronto…
- Como é que vai a vida por cá?
- perguntei. Que acha do governo?
- Ó amigo, pela sua saúde nem me
fale nesses cabrões senão ainda temos um acidente! Ladrões de uma figa que
destruíram isto tudo e se meteram debaixo das saias da gaja da Alemanha, ou que
é… e nós a pagar e os gajos a gastar e a rirem-se de nós e o parolo de
Boliqueime a comandar a banda. E ainda tem depois aqueles paus mandados nas televisões.
O “Topo Gigio”anda mortinho por ir outra vez para o poleiro, e dá uma no cravo
e outra na ferradura, sabe Deus quantos rabos-de-palha não terá, depois…
- Disse Topo Gigio?
- Sim, o Marques Mendes. Depois
ainda há o “Galã de Cascais”
- Ah o Prof Marcelo.
Pois, mas esse sabe-a toda! Ó se
sabe. Dá duas nas ferraduras do governo (devagarinho para não magoar o pequeno
Pedrito) e depois dá duas fortes na oposição. Olhe que outro dia esse canário
até elogiou os comunistas pra tramar o Costa! É o que lhe digo. O que ele quer
bem eu sei… Quer ser Presidente da República, ah pois é, há muitos anos que que
anda ali no mamuje aos domingos para se lançar. Até parece que estou já a ver os
cartazes “Ou votas no Marcelo ou a Judite dá-te com o martelo” (gargalhadas).
Ora cá estamos, amigo, são 10 euros obrigado.
Lá foi o sr. Isidoro taxista, e lá
fiquei eu a pensar: Será que eles acham mesmo que os portugueses são burros? É
que para o bem e para o mal, a televisão quase todos os portugueses vêem e
todos percebem o desespero dos “Tanados”, do “cara-de-desmaio” e o trabalhinho
dos tartufos “Topo Gigio” e “Galã de Cascais”. Ou será que não? A democracia
que presamos também tem destas coisas – eleger mentirosos e servir de dossel
para a incompetência. É a vida…
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