domingo, 5 de julho de 2015

HOJE É DIA DE ABRAÇAR CABO VERDE


No dia da minha “segunda pátria de adopção”, esse arquipélago que brotou no meio do atlântico e onde o mundo se misturou para criar uma África diferente. A terra onde as nuvens se esquecem de chorar, mas os sorrisos não! Mesmo aqueles sorrisos sem tecto para dormir, sem pão para cada dia! Mesmo assim sorriem, têm fé e amam-se! Estranhamente, ou não, assim é nas nove ilhas deste arquipélago com 40 anos de identidade própria, que conheço bem e amo com saudades.
Saudades dos cabo-verdianos, do crioulo falado e cantado e lido, dos cheiros da terra molhada e da secura também, do sal do mar em cujas águas os olhos escrevem até ao azimute da imaginação. “O entardecer existe em qualquer parte do mundo, mas é na ilha que de facto existe o repouso das coisas vivas…” escreveu Vasco Martins.
Hoje será dia de reler também “O meu Poeta” do Germano Almeida, mas também a poesia do Oswaldo Osório, do José Luís Tavares, do Arménio Vieira, e , as crónicas, as cartas e as mornas de Eugénio  Tavares. Também olhar de frente as pinturas do Tchalé Figueira, do Abraão Vicente e de tantos outros artistas enormes do” império” da cultura africana. Reler Vicente Lopes e as causas da independência e o surgimento da democracia é obrigatório. Abraçar Amílcar Cabral com a mesma convicção com que se abraçam os heróis da democracia liderados por Carlos Veiga, também. Tudo a ouvir Cesária, Tito, Vadu, Ildo Lobo, Paulino, Lura…
Hoje, haja festa e orgulho cabo-verdiano em cada rosto, de Santo Antão à Brava, de S. Vicente ao Fogo, a S. Nicolau, a Maio, a Santiago, a todas as ilhas e gentes.
Mas haja também reflexão, pensamento livre, consciência livre para que a democracia funcione na sua plenitude, com mais dignidade e trabalho para todos. Leio um homem intemporal – Baltasar Lopes – que numa citação de 1956 escreveu que «Cabo Verde parece-me sempre um problema a solucionar». E CABO VERDE TEM SOLUÇÃO.
ABRAÇO KU TCHEU SODADE  PA NHOS TUD. VIVA CABO VERDE.

JBA 5/7/2015

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