No dia da minha “segunda pátria
de adopção”, esse arquipélago que brotou no meio do atlântico e onde o mundo se
misturou para criar uma África diferente. A terra onde as nuvens se esquecem de
chorar, mas os sorrisos não! Mesmo aqueles sorrisos sem tecto para dormir, sem
pão para cada dia! Mesmo assim sorriem, têm fé e amam-se! Estranhamente, ou
não, assim é nas nove ilhas deste arquipélago com 40 anos de identidade
própria, que conheço bem e amo com saudades.
Saudades dos cabo-verdianos, do
crioulo falado e cantado e lido, dos cheiros da terra molhada e da secura
também, do sal do mar em cujas águas os olhos escrevem até ao azimute da
imaginação. “O entardecer existe em qualquer parte do mundo, mas é na ilha que
de facto existe o repouso das coisas vivas…” escreveu Vasco Martins.
Hoje será dia de reler também “O
meu Poeta” do Germano Almeida, mas também a poesia do Oswaldo Osório, do José
Luís Tavares, do Arménio Vieira, e , as crónicas, as cartas e as mornas de Eugénio Tavares. Também olhar de frente as pinturas do
Tchalé Figueira, do Abraão Vicente e de tantos outros artistas enormes do”
império” da cultura africana. Reler Vicente Lopes e as causas da independência
e o surgimento da democracia é obrigatório. Abraçar Amílcar Cabral com a mesma
convicção com que se abraçam os heróis da democracia liderados por Carlos
Veiga, também. Tudo a ouvir Cesária, Tito, Vadu, Ildo Lobo, Paulino, Lura…
Hoje, haja festa e orgulho
cabo-verdiano em cada rosto, de Santo Antão à Brava, de S. Vicente ao Fogo, a
S. Nicolau, a Maio, a Santiago, a todas as ilhas e gentes.
Mas haja também reflexão,
pensamento livre, consciência livre para que a democracia funcione na sua
plenitude, com mais dignidade e trabalho para todos. Leio um homem intemporal –
Baltasar Lopes – que numa citação de 1956 escreveu que «Cabo Verde parece-me
sempre um problema a solucionar». E CABO VERDE TEM SOLUÇÃO.
ABRAÇO KU TCHEU SODADE PA NHOS TUD. VIVA CABO VERDE.
JBA 5/7/2015
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