quarta-feira, 12 de agosto de 2015

MAIS UMA CAVACADA PARA DIMINIUR PORTUGAL

O Presidente da República Portuguesa, Cavaco Silva ratificou acordo que exclui o português do Tribunal de Patentes, ou seja, a língua portuguesa, pela assinatura de Cavaco, passou a “lixo” na União Europeia, nomeadamente ao Tribunal Europeu de Patentes! Foi apenas isto que Cavaco Silva assinou e que não permite o acesso dos portugueses à justiça europeia na sua própria língua. O sr. Aníbal boliqueimou a nossa língua! Aliás, já o tinha feito em Novembro de 1989, no  Brasil, ao dar ordens ao seu secretário de Estado da Cultura de então, Santana Lopes (aquele que gostava de ouvir os concertos de violino de Chopin, lembram-se?), para  assinar o AO1990. Foi o próprio Santana Lopes que disse sem hesitações que: «Cavaco Silva foi peremptório: em seu entender, o Acordo Ortográfico era essencial para que, no século XXI, o português falado em Portugal não ficasse com um estatuto equivalente ao do latim…”. Disse a voz da ignorância pura de um suposto representante da Nação que trata os portugueses por “cidadões” nos discursos oficiais.

Já não sei se havemos de ter pena e é nossa obrigação piedosa perdoar-lhe, ou se, exigir ao homenzinho de Boliqueime que jurou defender a constituição, Portugal e os portugueses, para assumir a sua senilidade visível e sair já de Belém. É que a continuar assim, - cada tiro, cada melro – de cada vez que o Presidente da República entra em cena, Portugal fica mais pobre, diminuído e a nossa identidade a esvair-se a caminho de ser  uma nova província espanhola ou uma estância de férias alemã com SPA natural. 

sábado, 1 de agosto de 2015

São Demasiado Pobres os Nossos Ricos

A maior desgraça de uma nação pobre é que, em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados. Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. 

A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos «ricos». Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados. Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lançá-los a eles próprios na cadeia. Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem. 

O maior sonho dos nossos novos-rícos é, afinal, muito pequenito: um carro de luxo, umas efémeras cintilâncias. Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas. O Mercedes e o BMWnão podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas, muito convexos e estradas muito concavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza. Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade. 

As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. Por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam. O fausto das residências não os torna imunes. Pobres dos nossos riquinhos! 

São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes. Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam de ser sustentadas com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído. 

Mia Couto, in 'Pensatempos'