«Tem montes que não param de crescer,
Videiras que ninguém pode contar,
Oliveiras que vivem a rezar,
E um rio que não pára de correr.»
João de Araújo Correia
«Doiro, rio e região, é certamente a realidade mais séria que temos.»
Miguel Torga
«Nas terras conquistadas às fragas das montanhas, ao preço de heroísmos e tragédias sem conta, os homens do Douro criam, num milagre de sacrifício e persistência, um vinho que se impõe no mercado mundial. “Port Wine” – o vinho dos ingleses e dos apreciadores de todo o mundo – é para os paladares delicados daqueles que o saboreiam, verdadeiro “sol engarrafado”. Mas só a gente do Douro sabe quanto custa cada gota desse vinho – vinho do Douro e sangue dos homens.»
Alves Redol
Alto Douro Vinhateiro – O Homem, a História e a Natureza
Rio, Homem e Vinho – sempre foi assim, sempre assim será o Douro milenar, povoado pelas gentes atraídas por um rio de mau navegar, prenhe de segredos e história, regado por bagadas de suor dos homens e das mulheres que ao xisto arrancaram a vida, mastigando as encostas até que delas jorrasse o sangue dos deuses sob a forma de vinho. Ao longo de milhares de anos, o Douro serviu de abrigo a forasteiros de todas as culturas, aqui fizeram história e deixaram marca e legado; aqui continuaram a obra de outros na transformação da pedra em terra e na luta brutal para domar o rio; aqui modelaram a paisagem e lhe foram mudando a pele como se de um fenómeno natural se tratasse, se bem que à custa de sacrifícios inimagináveis, de tragédias humanas reclamadas ao criador e de braços incansáveis de quem apenas o sol infernal dos verões e a geada dos invernos foram testemunhas.
O Alto Douro Vinhateiro é chão que dá uvas há mais de dois mil anos, desde que os homens descobriram que das uvas nascidas dos xistos poderiam extrair esse líquido generoso, forte e doce, único no mundo, e dele fazer o pão de então e do futuro. Entretanto, depois do milagre da transformação das encostas em terras férteis capazes de gerar cepas de oiro, alimentadas pela cumplicidade entre o sol e o rio, o homem do Douro nunca deixou de ter resposta para as fatalidades impostas pela Natureza, adaptando a terra e a vinha às necessidades de evolução e de sobrevivência de um produto e de uma vida. Por isso se diz, com propriedade, que a paisagem do Alto Douro Vinhateiro resulta de uma obra combinada entre o Homem e a Natureza feita ao longo de séculos, ilustrando de forma exemplar o conceito de «Paisagem Cultural Evolutiva e Viva» Por isso a UNESCO lhe concedeu a classificação de «Património Mundial da Humanidade».
sábado, 13 de dezembro de 2008
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