O Narciso Simplício foi à inauguração do museu. Metido no seu fatinho domingueiro, de sorriso mesureiro e olhos esbugalhados à procura do Zé e das câmaras fotográficas ou de televisão, em pontas de pés, de modo a ficar o mais possível na fotografia de família dos jornais, revistas e telejornais, para assim poder alimentar a baba que arrasta pelos espelhos ou pelas páginas de jornal onde escreve, mal, muito mal, diga-se, para alimentar compadrios e ir segurando o tachito no Armazém de Antiguidades lá da aldeia.
Mas quem é o Narciso Simplício, perguntarão? É o mais coerente caso de registo civil! De facto, o "narciso" corre-lhe no sangue, e há mesmo quem assegure que a melhor prenda que lhe podem dar é um espelho onde possa perguntar-se da sua importância social, ou, um gravador portátil onde possa gravar os seus discursos e adormecer a ouvir-se com a baba a escorrer pela almofada abaixo. O "Simplício" é o apelido exacto para este simplório de fato e gravata com tiques de gente importante, capaz de espalhar a peçonha e a mentira por tudo quanto é púlpito, para defender a sua vaidade e o seu estatuto travestido de "alta figura". Por isso é fácil e simples encontrar o Narciso Simplício - sempre que haja inauguração pública, candidaturas a um cargo de dirigente, assembleia onde ele possa discursar, ou, visita governamental, o Simplício lá está, na sua pequenez, em bicos de pés, à procura dos holofotes. Coitado do Simplício que é ainda detectável porque quando sorri tem a palavra "medíocre" escrita nos dentes.
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
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